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segunda-feira, 16 de maio de 2011

PLANTAS MEDICINAIS: RUIBARBO

Nome popular RUIBARBO
Nome científico Rheum palmatum L.
Fotos ampliadas 1 (Associacion Argentina de Fitomedicina )
Família Polygonaceae
Sinonímia popular Ruibarbo palmado, ruibarbo de Chinghai (China).
Parte usada Rizoma.
Propriedades terapêuticas Aperiente, antiinflamatório, laxante.
Princípios ativos Taninos gálicos e catéquicos, ácidos orgânicos, flavonóides, ácido oxálico.
Indicações terapêuticas Gengivite, estomatite, constipação (prisão de ventre), anorexia, infecções do aparelho urinário, faringites, diarréia.
Informações complementares
Nome em outro idioma
Rhubarb (Ingl)  
Descrição botânica
Trata–se de uma planta perene pertencente à família das Polygonáceas, que pode alcançar uma altura de dois metros. Caracterizada por apresentar um caule grosso, folhas grandes (30-40 cm de comprimento), dispostas en grupos basales, cordadas e palmadamente bilobulares.
As flores têm tonalidades que variam entre o vermelho amarelado e o verde-esbranquiçado, agrupadas ao tamanho de um talo alto, e que aparecem durante o verão.
São originárias da Ásia Central e Oriental, especialmente da China e Tibet. Crescem em terrenos úmidos, em alturas que variam os 3.000 e 4.000 metros. É cultivada atualmente na Europa e Estados Unidos, inclusive em territórios planos, com fins medicinais e ornamentais, embora as espécies provenientes da China sejam as melhores do ponto de vista terapêutico.
Parte utilizada
Rizoma. Normalmente cortam-se em rodelas ou tiras longitudinais, para facilitar sua posterior dessecação. Costuma-se também descascá-la para aproveitar o súber (tecido secundário externo presente em talos e raízes de muitos vegetais).
Vários pesquisadores chegaram à conclusão de que a raiz medicinal seria obtido de diversas variedades de ruibarbo e não de uma única espécie. A padronização das doses e sua exata medição se constituem em processos dificultosos.
História
O ruibarbo foi uma planta muito utilizada na Antigüidade no continente asiático, sendo descrita no herbário chinês Pen-King no ano de 2.700 a.C., onde era conhecida com o nome de Ta-Huang ("gran amarilla"). Dioscórides a chamou de rheon de onde se originou a atual denominacão. Foi descoberta e trasladada pelo navegante Marco Polo, no final do século XIII, que assinalou as províncias chineses de Kiangsu e Suchou como os locais de origem desta planta, já que a procedência original sempre foi uma incógnita.
Posteriormente se introduziu através da Ásia Menor nos jardins europeus até o ano de 1763, extendendo-se massivamente através de seu uso popular em todo o continente. Não obstante, esta espécie não se reproduzia corretamente nos jardins europeus o que induziu a pensar que o clima e o solo eram fundamentais para obter um bom produto medicinal. Foi assim que nesses jardins acabavam cultivando uma variedade similar que crescia nas montanhas do que hoje se conhece como Bulgária, denominando-se ruibarbo inglês ou rapôntico, que era de menor qualidade e eficácia que o original.
Composição química
Derivados hidroxi-antracênicos (3-12%): presentes nos rizomas sob a forma de glucósidos antraquinônicos (60-80%): emodina, aloe-emodina, raponticina, crisofanol, reina e fisciona. Os derivados hidroxi-antracênicos dos exemplares procedentes da China apresentam uma concentração de 3-6%, e entre 2-3% nos de procedência européia. Também foram detectados glucósidos diantrônicos (10-25%) derivados de reina (senósidos C e D ) e heterodiantronas (palmidinas A, B e C, senidina C, reidinas B e C ). Os glucósidos diantrônicos são abundantes na droga fresca.
Taninos gálicos e catéquicos (5-10%): presentes nos rizomas: glucogalina, ácidos gálicos livres, catequina, epicatequina, ratanina e lindleina.
Ácidos orgânicos: compostos por ácido cinâmico, ácido fenilpropiônico, ác. ferúlico, ác. quínico, ác. cafeico e ác. crisofânico.
Flavonóides: rutina (1,3%), reidinas A, B e C, catequina.
Outros: ácido oxálico (folhas e em menor medida no rizoma) entre 5 e 15%, princípio amargo, materiais corantes (aloesona), pectinas, almidón (16%), resinas, vestígios de óleo essencial, enzimas (oxidasas e antraglucosidasas), mucílagos, glucósidos de estilbeno (rapontina, rapontigenina), beta-sitosterol e compostos fenólicos.
Ações farmacológicas
Os glucósidos antraquinônicos exercem um efeito laxante suave quando se emprega o rizoma seco. O mesmo costuma-se administrar-se em forma de extrato em doses que oscilam entre 2 e 5 gr/dia. Paradoxalmente, em doses pequenas (0,3 gr/dia) exerce um efeito antidiarreíco e digestivo (por ação predominante dos taninos). Inclusive essas doses apresentam uma ação que estimula o apetite, devido seu sabor amargo (Mitchell J., 1979).
O contido en antraquinonas livres seria responsável pelos efeitos secundários observados durante seu emprego como laxante, em especial os referidos a irritação do trato intestinal, quando são empregadas cápsulas ou comprimidos feitos em base a extratos totais. Continuando com as antraquinonas, são reportados alguns trabalhos sobre as mesmas que evidenciaram uma eficaz atividade contra o virus do herpes simples (Sydiskis R. et al., 1991). Por seu lado, a reina tem mostrado atividade antibacteriana frente a anaeróbios (Cyong J. et al., 1987).
Sobre a atividade digestiva, e em especial os casos de meteorismo, foi analisado o extrato de ruibarbo junto com alcachofra e yerbabuena (todos em partes iguais) sobre 57 pacientes que apresentavam este sintoma, observando-se 88% de efetividade ao fim de uma semana de tratamento (Piñero Corpas J. et al., 1988).
O extrato cru da droga e em especial o acetônico, tem demonstrado um efeito inibidor sobre a atividade da enzima tirosinasa mediante um mecanismo competitivo, no qual conduz a uma menor síntese de melanina (Iida K. et al., 1996).
Por outro lado, um estudo a doble ciego (um método estatístico) realizado por médicos da Universidade de Shanghai em 140 mulheres grávidas com risco de hipertensão arterial durante a 28ª semana de gestação, foram tratadas entre 9-10 semanas com extratos de ruibarbo em baixas doses (0,75 g/dia), em comparação com 125 casos similares a quem se administrou placebo. O grupo tratado com ruibarbo mostrou um significativo descenso nos níveis de antitrombina III, fibronectina e PAI (plasminogen activator inhibiter).
Assim mesmo, se verificou hipertensão arterial só em 5,7% das pacientes tratadas com ruibarbo, contra 20,8% do grupo controle. O mecanismo de inibição da atividade PAI reduz a atividade da fibronectina e diminue a possibilidade de um eventual dano endotelial, contribuindo assim a reduzir o risco de hipertensão arterial nestas pacientes (Zhang Z. et al., 1995).
Por último, o extrato seco, iodado e purificado de ruibarbo se preescreve farmaceuticamente, associado ao ácido salicílico em casos de gengivites e estomatites. Os extratos de ruibarbo estão autorizados nos Estados Unidos (21 CFR nº 172.510) como promovedor de sabor ou aperitivos amargos dentro da categoria de suplementos dietários (Mc Caleb R., 1993). O Conselho da Europa tem catalogado como recurso alimentício ou promovedor natural do sabor, na categoria N2, que implica limitações de seus princípios ativos no produto final. Assim mesmo figura em várias farmacopéias como as da Alemanha, Austrália, Brasil, China, Egito, Europa, França, Grécia, Holanda, Hungria, Inglaterra, Itália, Portugal, Rep. Checa, Romania, Rússia e Suíça.
Efeitos adversos e/ou tóxicos
Os mesmos estão relacionados ao contido em antraquinonas livres do rizoma e se apresentam sob a forma de espasmos e dores de cólicas no trato intestinal, em especial a ingestão durante períodos prolongados gerando fenômenos de tolerância. Os electrolitos podem se alterar produzindo hiposodiemia, hipopotasemia e hipocalcemia, que em casos graves conduzem a hiperaldosteronismo secundário, arritmias cardíacas e osteoporoses, respectivamente (Yokozawa T. et al., 1993). Assim mesmo, foi detectado um caso de reação anafilática consecutiva à ingestão de ruibarbo (Mitchell J., 1979).
A possibilidade de que as antraquinonas podem gerar carcinoma colorrectal através de mecanismos mutagênicos é discutível, já que foi reportado um só caso fatal (leiomiosarcoma de intestino delgado) em uma mulher de 18 anos de idade que durante cinco anos havia consumido diariamente laxantes contendo dantronas (Patel P. et al., 1989). De todos os modos, estudos realizados em roedores evidenciaram um potencial genotoxicidada em alguns compostos antraquinônicos aglicósidos (Siegers C., 1992).
Por outro lado, estudos colonoscópicos realizados em 1095 pacientes que consumiam cronicamente laxantes antraquinônicos determinaram na grande maioria deles uma alteração da pigmentação da mucosa denominada Pseudomelanosis coli, a qual é indicador de abuso de laxantes deste tipo, e remitirían as semanas de suspender os mesmos (Siegers C., 1992). Para mais informações, ver a descrição de sen (arbusto cujas folhas são usadas em infusão como purgante) ou cáscara sagrada.
Contra indicações
Não consumir as folhas em casos de litiasis renal ou urinária e gota (pela presença de oxalatos). Não administrar a crianças nem durante a gravidez ou lactância. Não administrar em casos de hemorróidas (Newall C. et al., 1996).
Interações medicamentosas
Seu consumo pode interferir na absorção de ferro e outros minerais (Griffith W., 1995).
Usos etnomedicinais - formas galênicas
Entre os usos mais populares do ruibarbo cita-se o emprego em casos de constipação (prisão de ventre) ocasional, anorexia, infecções do aparelho urinário, gengivites e faringites (como colutório).
A tintura de ruibarbo é empregada como antidiarreico a doses de 5-10 gotas por vez. Em doses de 1 ml tem um efeito laxante suave e com 2,5 ml um efeito purgante mais potente, que pode acompanhar fortes dores cólicas (nestes casos se neutraliza com menta ou hinojo (uma planta aromática).
Em casos de diarréia se emprega a decocção (0,5 gr de raiz por dose) e 3 gr por dose, em casos de constipação. Popularmente é empregada na China a decocção (muito concentrada) para aplicar externamente em casos de forúnculos e enfermidades supurativas da pele. Curiosamente nesse país é praticamente utilizado o ruibarbo como anti-inflamatório e não como laxante.
A tintura (1:5 en álcool de 96º) se prescreve a razão de 2 ml por dose en casos de dispepsia, e de 1-2,5 ml por dose em constipação. O extracto fluido destanizado (1 g = 47 gotas) se dosa a razão de 0,2 a 0,5 g/doses como laxante e 1.4 g/dose como purgante.
Curiosidades
O intenso comércio do ruibarbo na Europa durante o século XVIII fez com que vários estados protegessem suas fronteiras do tráfico ilegal.
Em 1731 se criou na fronteira da Rússia com a Mongólia a chamada comissão do ruibarbo cuja finalidade era tentar importar para os soviéticos o ruibarbo de melhor qualidade dos mercadores mongóis, que chegavam perto da fronteira. Para eles fixava-se um preço único que teriam que renegociar anualmente e se implementavam controles de qualidade que permitiam devolver as peças duvidosas ou de má qualidade. Logo, o ruibarbo que superava esses controles era renegociado na Europa a preços muito elevados e sem possibilidade de regatear.
Em contrapartida, as companhias britânicas assentadas em colonias asiáticas obtinham raizes de baixa qualidade que logo vendiam em leilões em Londres, a preços desregulados. Estas foram, em síntese, as duas fontes mais importantes de ruibarbo entre os séculos XVII e XIX.
Variedades
Rheum officinale Baill.( R. raphonticum L.),(R. tanguticum L.) É a outra espécie asiática que provê os princípios ativos utilizados na medicina, junto a R. palmatum. Foi introduzida mais tarde que esta no continente europeu (1867) pelo botânico francés H. Baillon. Caracteriza-se por apresentar um porte um pouco maior que R. palmatum, podendo alcançar uma altura de 3 metros, com flores esbranquiçadas e suas folhas podem chegar a quase 1 metro de largura. Seus princípios ativos são praticamente idênticos à variedade anterior.
Rheum rhabarbarum L. (R. undulatum L.)
Trata-se de uma espécie cultivada em jardins, da qual se aproveitam seus pecíolos (0,3% de ácido oxálico e taninos) que são comestíveis. As nervaduras e o limbo das folhas apresentam heterósidos antraquinônicos os quais são tóxicos, sobretudo quando se confundem com espinaca (planta de horta, comestível) e são ingeridas como tal.
Referências
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Colaboração
O texto original foi extraído do site da Associacion Argentina de Fitomedicina e enviado por Dilvo Bigliazzi Júnior, Médico (Canavieiras, BA), julho de 2005. Tradução: Carla Queiroz Becerra (Estagiária - Centro de Informática na Agricultura - USP - Piracicaba, SP)

http://ci-67.ciagri.usp.br/pm/index.asp

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